Tradução portuguesa do livro «Reminiscences of a Stock Operator». Leia online o maior clássico de sempre do investimento em Bolsa. Jesse Lauriston Livermore (26 de Julho de 1877 - 28 de Novembro de 1940) foi um notável investidor americano do início do século XX. Aprenda a investir no mercado de capitais (Bolsa) usando conhecimentos de um dos maiores traders de todos os tempos.

Jesse Livermore
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Reminiscences of a Stock Operator (Português) Pág.8

Então, de repente, não gostei da maneira como a Sugar se mostrava hesitante. Comecei a sentir-me desconfortável. Pensei que deveria sair do mercado. Depois estava a vender a 103 - era o mínimo do dia - mas em vez de me sentir mais confiante estava duvidoso. Sabia que algo estava errado algures, mas sem o identificar exactamente. Mas se algo acontecesse e não soubesse o quê, não me poderia defender. Sendo o caso, o melhor seria saltar fora do mercado.

Sabe que eu não faço as coisas cegamente. Não gosto de o fazer e nunca gostei. Mesmo em miúdo eu tinha que saber porque deveria fazer certas coisas. Mas desta vez não tinha uma razão assente para mim próprio, e permanecia tão desconfortável que não suportava a situação. Chamei um colega conhecido, Dave Wyman, e disse-lhe: "Dave, toma aqui o meu lugar. Quero que me faças uma coisa. Espera um pouco antes de avisares o próximo preço da Sugar, está bem?"

Ele disse que sim, e eu levantei-me e dei-lhe o meu lugar junto à máquina para que ele pudesse avisar os preços ao rapaz. Tirei do bolso os meus sete talões da Sugar e caminhei até ao balcão, onde se encontrava o funcionário que marcava os talões quando fechávamos os negócios. Mas eu realmente não sabia porque razão devia sair do mercado, por isso ali fiquei, a reparar no balcão com os meus talões na mão de maneira a que o funcionário não os pudesse ver. Logo de seguida ouvi o "tic-tic" de um aparelho de telégrafo e vi Tom Burnham, o funcionário, a voltar a cabeça rapidamente e a ficar a ouvir. Então senti que a coisa não estava a cheirar bem e decidi não esperar mais. Nesse preciso momento, Dave Wyman junto à máquina, começou: "Su-" - e, rápido como um raio, bati com os meus talões no balcão em frente ao funcionário e gritei "Fecha Sugar!", antes que o Dave tivesse acabado de dizer o preço. Então, claro, a casa tinha que fechar as minhas acções da Sugar na última cotação. O que o Dave avisou era 103 de novo.

De acordo com a minha análise, a Sugar deveria ter quebrado a 103 nesse momento. A mecânica não estava a acertar. Tive um pressentimento de que havia uma armadilha ali montada. Por tudo e por nada, o aparelho de telégrafo estava agora imparável e notei que Tom Burnham, o funcionário, tinha deixado os meus talões desmarcados onde os tinha deitado, e ouva o "tic-tic" como se estivesse à espera de alguma coisa. Então gritei-lhe: "Ei, Tom, porque raio está à espera? Marque o preço nesses talões - 103! Tenha juízo!"