Tradução portuguesa do livro «Reminiscences of a Stock Operator». Leia online o maior clássico de sempre do investimento em Bolsa. Jesse Lauriston Livermore (26 de Julho de 1877 - 28 de Novembro de 1940) foi um notável investidor americano do início do século XX. Aprenda a investir no mercado de capitais (Bolsa) usando conhecimentos de um dos maiores traders de todos os tempos.

Jesse Livermore
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Reminiscences of a Stock Operator (Português) Pág.4

Não tardou muito até que eu estivesse a tirar muito mais dinheiro das casas de apostas do que a obtê-lo do meu salário na corretora. Por isso desisti do meu emprego. A minha família opôs-se mas não conseguia dizer muito quando viu o que eu estava a conseguir. Eu era apenas um miúdo e os ordenados de um aprendiz de escritório não eram muito altos. Dei-me bastante bem caminhando pela minha própria conta.

Tinha apenas 15 anos quando ganhei os meus primeiros 1000 dólares e pousei o dinheiro em frente à minha mãe - todo ganho nas casas de apostas em poucos meses, além do restante que tinha levado para casa. A minha mãe veio com uma péssima ideia. Queria que o pusesse numa conta bancária de poupança, longe de tentações. Disse que era mais dinheiro do que alguma vez tinha ouvido que um rapaz de 15 anos tivesse feito começando do nada. Ela não acreditava que era dinheiro real. Preocupava-se e consumia-se com o assunto. Mas eu não pensava em mais nada a não ser que podia continuar a provar que a minha maneira de ver estava correcta. É esse todo o gozo que dá estar certo pela própria cabeça. Se eu estava certo quando testei as minhas convicções com dez acções, estaria dez vezes mais certo quando negociasse com uma centena. É tudo o que significava para mim ter mais margem - estaria certo mais enfaticamente. Mais coragem? Não! Não há diferença nenhuma! Se tudo o que tenho são dez dólares e os arrisco, sou muito mais corajoso do que quando arrisco um milhão tendo outro milhão posto de lado.

De qualquer maneira, aos quinze anos eu estava a viver bem da Bolsa. Comecei nas casas de apostas mais pequenas, onde um homem que transaccionasse vinte acções de uma assentada era suspeito de ser John W. Gates disfarçado ou J. P. Morgan a viajar incógnito. Nesse tempo, as casas de apostas raramente se aproveitavam dos clientes. Não precisavam disso. Havia outras formas de separar os clientes do seu dinheiro, mesmo que eles tivessem adivinhado correctamente os movimentos da Bolsa. O negócio era tremendamente lucrativo. Quando era gerido legitimamente, quero dizer, de forma transparente, no que tocava às casas de apostas as flutuações tomavam conta dos cordelinhos. Não era preciso grande reacção para limpar uma margem de apenas três quartos de ponto. Além disso, nenhuma casa vigarista podia voltar a entrar no jogo. Não teria nenhum negócio.

Não tinha gente a acompanhar-me. Mantive o negócio para mim próprio. Era um negócio de uma só pessoa e, seja como for, era a minha cabeça, não era? Ou os preços seguiam o caminho que eu tinha analisado, sem nenhuma ajuda de amigos ou parceiros de negócio, ou seguiam na direcção oposta, e nada os faria parar por simpatia para comigo. Não conseguia ver razão para precisar de contar aos outros sobre o meu negócio. Arranjei amigos, é claro, mas o meu negócio sempre foi o mesmo - um caso de pessoa individual. É essa a razão porque sempre joguei uma cartada solitária.