Tradução portuguesa do livro «Reminiscences of a Stock Operator». Leia online o maior clássico de sempre do investimento em Bolsa. Jesse Lauriston Livermore (26 de Julho de 1877 - 28 de Novembro de 1940) foi um notável investidor americano do início do século XX. Aprenda a investir no mercado de capitais (Bolsa) usando conhecimentos de um dos maiores traders de todos os tempos.

Jesse Livermore
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Reminiscences of a Stock Operator (Português) Pág.1

Capítulo I

Fui trabalhar logo que deixei a escola secundária. Arranjei emprego como aprendiz do quadro de cotações no escritório de uma corretora. Era rápido com os números. Na escola tinha feito três anos de aritmética em apenas um. Eu era particularmente bom em aritmética mental. Como aprendiz do quadro de cotações eu afixava os números num quadro enorme na sala dos clientes. Um deles geralmente sentava-se na máquina receptora de cotações e avisava os preços. Nunca eram demasiado rápidos para mim. Eu recordava sempre os números. Sem nenhum problema.

Havia muitos outros empregados naquele escritório. Claro que fiz amizades com os colegas, mas o trabalho que fazia, se o mercado estivesse activo, mantinha-me demasiado ocupado das dez da manhã às três da tarde, sem que restasse tempo para muita conversa. De qualquer forma, eu nem me importava com isso nas horas de expediente.

Mas um mercado activo não me impedia de reflectir sobre o trabalho. Para mim, aquelas cotações não representavam preços de acções, tantos dólares por acção. Eram números. Claro que significavam alguma coisa. Estavam sempre a mudar. Era tudo o que me interessava, as mudanças. Porque mudavam? Não sabia. Nem queria saber. Não pensava no assunto. Simplesmente via que mudavam. Era tudo o que eu tinha para pensar durante cinco horas todos os dias da semana e duas horas aos sábados: que eles estavam sempre a mudar.

Foi assim que comecei a ficar interessado no comportamento dos preços. Tinha muito boa memória para os números. Conseguia lembrar-me em detalhe como é que os preços tinham agido no dia anterior, logo antes de começarem a subir ou a descer. O meu gosto pela aritmética mental deu bastante jeito.

Verifiquei que, nas subidas como também nas descidas, os preços das acções tinham propensão para revelar certos hábitos, por assim dizer. Os casos semelhantes apareciam repetidamente sem fim, e estes serviram-me de guia. Eu tinha apenas 14 anos de idade, mas depois de ter obtido centenas de observações na minha mente, dei por mim a testar o seu rigor, comparando o comportamento das acções hoje com dias anteriores. Não tardou muito eu começar a antecipar movimentos no preço. O meu único guia, como digo, era a sua performance no passado. Eu trazia os "esquemas" na minha mente. Procurei por acções que servissem de ponto de entrada. Tinha-as "cronometradas". Você sabe o que quero dizer.